Enviado ao espaço há dez meses em busca de um planeta semelhante à Terra, o telescópio Kepler, da Nasa, fez suas cinco primeiras descobertas. Os exoplanetas - nome dado por estarem fora do Sistema Solar - foram encontrados poucas semanas após o lançamento da operação e batizados de Kepler 4b, 5b, 6b, 7b e 8b. O anúncio foi feito anteontem em Washington pela agência espacial americana. Os exoplanetas encontrados, no entanto, pouco lembram a Terra. A começar pelo tamanho: o menor deles tem diâmetro semelhante a Netuno, enquanto o maior supera até mesmo Júpiter - cuja massa é equivalente a 317 vezes o nosso planeta.
Os exoplanetas descobertos circulam muito próximo a suas estrelas-mãe - o que, na Terra, corresponderia ao Sol. Cada um deles percorre suas órbitas entre 3,2 e 4,9 dias.
As estrelas-mãe, além de próximas, são muito mais quentes do que o Sol, o que fez com que esses exoplanetas tenham temperaturas extremamente elevadas, estimadas em até 1.600 graus Celsius.
- São planetas mais quentes do que lava derretida. De tão quentes, eles chegam a brilhar - destacou Bill Borucki, o cientista que lidera as operações do Kepler no centro de pesquisas da Nasa em Moffett Field, na Califórnia. - Os dois maiores são mais quentes do que ferro fundido, o que faz com que vê-los seja como olhar para uma fornalha. Certamente não são lugares para procurarmos vida.
A descoberta mais intrigante para os cientistas é o Kepler 7b, cuja densidade é uma das menores entre os planetas conhecidos. Seu índice é de apenas 0,17 grama por centímetro cúbico, semelhante ao do isopor.
O telescópio Kepler foi lançado de Cabo Cañaveral em março. Junto a ele está a maior câmera já levada ao espaço, um instrumento fundamental para o cumprimento de sua missão - observar mais de 100 mil estrelas. A presença de planetas é sentida pela procura de pequenas sombras ao redor das estrelas-mãe.
A sensibilidade dos detectores pode ser testada até mesmo na Terra. Se o telescópio fosse voltado para o planeta, seria capaz de detectar o escurecimento da luz de uma varanda, quando alguém passa em frente a ela.
A Nasa quer usar essa tecnologia para encontrar planetas que tenham diâmetro semelhante à Terra e órbita com distância favorável ao desenvolvimento de seres vivos. Também é necessário que o planeta tenha potencial para a existência de água em sua superfície.
A agência espacial americana admite que a descoberta de um mundo tão semelhante ao nosso pode demorar alguns anos. Enquanto isso, o mapeamento feito pelo Kepler ajudará cientistas a melhorar suas estatísticas ligadas ao tamanho de planetas e seus períodos de órbita.
Segundo cientistas responsáveis pela missão espacial, o Kepler já mediu a existência de centenas de possíveis planetas. Determinar a natureza desses corpos, no entanto, requer mais observações - no caso dos cinco exoplanetas, quem as fez foi o telescópio Keck I, baseado no Havaí.
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