domingo, 15 de fevereiro de 2009

2009 O ano de dois Gigantes : Darwin e Galileu

  


Comemoram-se este ano dois gigantes da ciência. Passam 200 anos sobre o nascimento de Darwin e 400 sobre as primeiras observações telescópicas de Galileu. As comemorações de Darwin começaram em plena força, com uma extraordinária exposição na Gulbenkian e outros eventos. As celebrações de Galileu começaram em Janeiro, com o lançamento do Ano Internacional da Astronomia, e vão ter desenvolvimento em Dezembro, pois foi nesse mês, em 1609, que o célebre físico apontou pela primeira vez um telescópio ao céu.

As comemorações são sempre uma oportunidade para aprender mais. Vale a pena, claro, ler uma das reedições da "Origem das Espécies". Mas quem tenha um estômago mais modesto talvez prefira começar por outras leituras. Sugerimos, como introdução breve e moderna, "A Origem das Espécies de Darwin", um notável estudo de Janet Browe, traduzido para português pela Gradiva. Da mesma editora saiu também o interessante estudo "O Português que se Correspondeu com Darwin", de Paulo R. Trincão, da dinâmica Fábrica de Ciência Viva de Aveiro.

Sobre Galileu esperam-se mais publicações, Guilherme de Almeida, um conhecido professor de física do Colégio Militar, adiantou-se. Fez já sair um livro para jovens intitulado "Chamo-me Galileu Galilei". Ao contrário do que se poderia pensar pelo aspecto juvenil do livro, é um texto que leitores de todas as idades apreciarão. Tudo é simples, das palavras aos desenhos, mas tudo tem um rigor histórico e científico notável.

Nesta semana e na próxima, o nome do cientista italiano vai ser falado, pois o seu nascimento teve lugar a 15 de Fevereiro. O seu aniversário teria lugar este domingo. Na realidade, esta data está marcada no calendário juliano, em vigor na altura. Guiamo-nos hoje pelo calendário gregoriano, que roubou 10 dias a quem vivia na altura. Assim, se quisermos comemorar a data talvez seja mais apropriado fazê-lo a 25 de Fevereiro.

Para evitar confusões, os historiadores convencionaram manter as datas antigas quando se referem a acontecimentos anteriores à mudança de calendário. A complicar as coisas, a mudança de calendário não ocorreu simultaneamente em todos os países. Isso significa que, por vezes, acontecimentos que parecem simultâneos de facto não o são.

Um dos casos mais flagrantes é o da aparente coincidência da morte de Galileu com o nascimento de Newton, ambos registados em 1642. Galileu morreu em 8 de Janeiro de 1642, segundo o calendário gregoriano, que foi adoptado na península italiana em 1582. E Newton nasceu em 25 de Dezembro de 1642, segundo o calendário juliano na altura usado em Inglaterra e mantido nesse país até 1752.

Se referirmos ambas as datas ao mesmo calendário temos surpresas. No calendário gregoriano, Newton nasceu dia 4 de Janeiro de 1643. No ano seguinte ao da morte de Galileu e 361 dias mais tarde! No calendário juliano, nasceu em 25 de Dezembro de 1642, como se disse, enquanto Galileu morreu em 29 de Dezembro, mas de 1641 - os mesmos 361 dias de diferença. Na base deste desfasamento está a diferença de dia adoptado para começo do ano. No calendário gregoriano é 1 de Janeiro, como se sabe. No caso juliano era 25 de Março. Nada é simples nos calendários.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Cometas Escuros ameaçam a Terra

O planeta Terra pode estar sob a ameaça de ser atingido por milhares de cometas que circulam nos arredores do sistema solar e não podem ser detectados pelos cientistas, afirma uma reportagem publicada na edição desta semana da revista britânica New Scientist.

A revista entrevistou dois astrônomos britânicos que afirmam que, apesar de todo trabalho de monitoramento desses corpos celestes feitos por agências espaciais, muitos deles não poderiam ser detectados por serem o que eles chamam de "cometas escuros".

Segundo Bill Napier, da Universidade de Cardiff, no País de Gales, e David Asher, do Observatório de Armagh, na Irlanda do Norte, estes cometas escuros podem ser uma ameaça à Terra.

"Cometas escuros, dormentes, são uma significativa, mas muitas vezes invisível, ameaça ao planeta", disse Napier à revista.

Segundo os cientistas, pelos cálculos sobre a entrada de cometas no sistema solar, é possível que haja pelo menos 3 mil desse corpos celestes próximos à região, mas apenas 25 deles são conhecidos.

Napier e Asher afirmam que muitos desses cometas não podem ser vistos "simplesmente porque são muito escuros".

Isto acontece quando o gelo de um cometa "ativo" - que reflete a luz do sol - se evapora, deixando para trás somente uma crosta que reflete apenas uma fração de luz.

Os cientistas citam como exemplo o cometa IRAS-Araki-Alcock, que passou a uma distância de 5 milhões de quilômetros da Terra em 1983 - a menor registrada em 200 anos.

Segundo eles, o cometa foi detectado apenas duas semanas antes de sua aproximação.

"Ele tinha apenas 1% de suas superfície ativa", diz Napier.

De acordo com os pesquisadores, quando uma sonda da Nasa pousou no cometa Borrelly, em 2001, também teria registrado várias manchas "negras" em sua superfície.

Outro cientista entrevistado pela revista, no entanto, se mostrou mais cético sobre a ameaça.

Segundo Clark Chapman, do Southwest Research Institute, no Colorado, Estados Unidos, "estes cometas absorveriam bem a luz do sol, então poderiam ser detectados pelo calor que emitiriam".

Colisão de Satélites da Rússia e EUA






Um satélite americano de comunicações, de propriedade privada, bateu, na terça-feira, em um satélite russo desativado, produzindo uma enorme nuvem de escombros, que podem atingir e até destruir outros satélites. A colisão, que aconteceu a cerca de 780 km acima do território da Sibéria, na Rússia, é a primeira já registrada entre satélites. De acordo com a Nasa (agência espacial americana), o risco para a Estação Espacial Internacional e seus três astronautas é pequeno, já que ela orbita a Terra a uma distância de 435 km abaixo da rota da colisão

O comando do Centro de Operações Espaciais Conjuntas está rastreando entre 500 e 600 pedaços de destroços dos satélites, alguns de cerca de 10 centímetros, segundo o tenente-coronel da Força Aérea Les Kodlick, do Comando Estratégico dos EUA.

Kodlick acrescentou que a colisão aconteceu em uma altura onde geralmente estão os satélites que monitoram o clima e realizam serviços de comunicação telefônica.

- É uma órbita muito importante para vários satélites - disse o tenente-coronel americano.

A Estação Espacial Internacional voa em uma altitude baixa e a principal prioridade do comando é evitar colisões. Segundo a Roscosmos (agência espacial russa), os restos dos dois satélites não representam perigo real à Estação Espacial Internacional.

Carnaval do Brasil terá Brilho do Céu


O carnaval deste ano chega acompanhado por um sinal do céu: o cometa Lulin, descoberto em 2007, atingirá aproximação máxima com a Terra na Terça-Feira Gorda, 24 de fevereiro. Mas o Lulin já está no céu: no próximo diz 15, por exemplo, ele nasce às 22 horas.
"A melhor hora de visibilidade será de madrugada, mais especificamente às 3 horas da manhã", diz o coordenador de cometas da Rede de Astronomia Observacional (REA), Alexandre Amorim. "Ele estará próximo de Spica, estrela de primeira magnitude da constelação de Virgem".
Amorim diz que o cometa fará conjunção com o planeta Saturno no dia 23, "que será visível durante toda a noite". No fim do mês, em 27 de fevereiro, ele estará próximo de outra estrela muito brilhante, Régulus, na constelação de Leão.
O período de 23 a 27 é o melhor para observar o cometa, diz o astrônomo Tasso Napoleão, um dos coordenadores do Ano Internacional da Astronomia (IYA, na sigla em inglês) no Brasil. Além de coincidir com a aproximação máxima entre o Lulin e a Terra - 61 milhões de quilômetros, ou pouco mais de um terço da distância entre nós e o Sol -, essa será também uma época de lua nova, o que significa que não haverá luz lunar ofuscando a visão do cometa.
"As estimativas de brilho do Lulin para a semana preveem magnitude em torno de 5, o que significa que deverá ser perceptível com lunetas ou pequenos binóculos, mas dificilmente a olho nu", diz Napoleão.

Amorim recomenda binóculos com lentes de 50 milímetros e aumento de entre sete e dez vezes para enxergar o Lulin. Ele sugere que quem quiser tentar ver o cometa busque se afastar da poluição luminosa de centros urbanos. "O cometa tem o aspecto de um astro nebuloso e a sua visibilidade é fortemente prejudicada pela iluminação das grandes cidades".

 Atividades envolvendo o Lulin - que deve o nome ao observatório de Taiwan onde foi feita a foto do céu que o revelou - estão na programação brasileira do IYA. No dia 26, o professor Oscar Matsuura, da USP, fará palestra no planetário de São Paulo sobre o assunto. A palestra será seguida por observações do cometa com telescópio, "se as condições meteorológicas forem favoráveis".

A oportunidade de observar o Lulin, ou C/2007 N3, como também é conhecido, é única. "Este não é um cometa periódico, e não retornará mais depois desta passagem".