quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Hubble capta estrutura a 13,2 bilhões de anos-luz, formada logo após o Big Bang

 
   O telescópio espacial Hubble expandiu mais uma vez as fronteiras do Universo conhecido pela Humanidade. Com base em observações em infravermelho realizadas entre 2009 e 2010, astrônomos identificaram o que acreditam ser o objeto mais distante e, portanto, o mais antigo já encontrado. Batizada com a nada poética designação UDFj-39546284, a galáxia estaria a mais de 13,2 bilhões de anos-luz da Terra. Isso quer dizer que sua luz viajou 13,2 bilhões de anos até ser captada pelo telescópio. Dessa forma, a galáxia teria se formado apenas 480 milhões de anos depois do Big Bang, a explosão que deu origem ao Universo há cerca de 13,7 bilhões de anos.

   Na imagem do Hubble, a nova recordista aparece como uma mancha vermelha esmaecida em meio a uma profusão de outras galáxias mais próximas da Terra. Segundo os astrônomos Garth Illingworth e Rychard Bouwens, ambos da Universidade da Califórnia e principais autores do artigo sobre a descoberta, publicado na edição desta semana da revista "Nature", a galáxia apresenta um desvio para o vermelho de 10,3. O desvio para o vermelho é o método usado na astronomia para calcular a distância de objetos muito afastados da Terra. Quanto maior o valor, mais distante ele está. Assim como o som da sirene de uma ambulância parece mais grave à medida que ela se afasta, as ondas da luz emitida pela galáxia foram "esticadas" rumo às faixas vermelha e infravermelha do espectro ao longo de sua viagem até o Hubble.

- É difícil acreditar que conseguimos ir tão longe e tão para trás no tempo - comenta Bouwens. - Mas não foi uma busca cega. Tínhamos razões para esperar encontrar algo assim graças à incrível capacidade dos novos instrumentos do Hubble e ao impressionante tempo de exposição utilizado (87 horas).

Em maio de 2009, astronautas da Nasa instalaram uma nova câmera no Hubble na última missão de manutenção do telescópio. O equipamento aumentou em mais de 30 vezes a capacidade do Hubble de observar galáxias com desvio para o vermelho acima de 6, quando o Universo tinha pouco menos de 1 bilhão de anos de idade. O recorde anterior de objeto mais distante captado pelo Hubble, anunciado por uma equipe de astrônomos franceses em outubro passado, era de uma galáxia a aproximadamente 13,1 bilhões de anos-luz da Terra, que se formou quando o Universo tinha por volta de 650 milhões de anos de idade.



- Estamos levando o Hubble ao seu limite - diz Illingworth. - Para ir além disso vamos precisar do telescópio espacial James Webb. Não sabemos a escala de tempo de formação das galáxias, mas provavelmente com ele poderemos ver entre 200 milhões e 300 milhões de anos após o Big Bang. São tempos cruciais para o Universo, já que as primeiras estrelas começaram a se formar por volta de 200 milhões de anos depois dele.

Sucessor do Hubble vai buscar primeiras estrelas

O telescópio espacial James Webb será o sucessor do Hubble, que deve continuar em operação até 2013. Previsto para ser lançado em 2014, ele terá o tamanho de uma quadra de tênis e ficará a 1,5 milhão de quilômetros da Terra, mais distante do que a Lua. Mas sua construção já começa a enfrentar obstáculos. Inicialmente orçado em US$ 5 bilhões, o equipamento teve seus custos revistos para cima em US$ 1,5 bilhão, mas a Nasa ainda não obteve do Congresso americano os recursos extras necessários para a conclusão do projeto.

Além de ser a mais distante, a UDFj-39546284 deu aos cientistas mais pistas sobre o processo de evolução das galáxias quando o Universo ainda era uma "criança". Estimativas baseadas em sua luminosidade indicam que a taxa de nascimento de estrelas nela é 10 vezes menor do que a observada na geração seguinte de galáxias, que inclui a recordista anterior apresentada em outubro. Segundo eles, isso quer dizer que este período de menos de 200 milhões de anos fez uma enorme diferença na evolução das galáxias e do Universo.

- A natureza das galáxias se manteve praticamente uniforme de 1 bilhão de anos depois do Big Bang para cá. Por isso é importante saber como foi o início de sua evolução para sabermos como o Universo adquiriu a estrutura atual - avalia Illingworth.

O Enigma do Sorriso de Monalisa



Os sorrisos podem não ser apenas uma expressão das emoções. Eles podem ativar regiões do cérebro e criar sensações que nem sempre esperamos. É o que mostra um estudo feito pela pesquisadora Paula Niedenthal, publicado na revista 'Behavioral and Brain Sciences', que mostra que eles podem transmitir mensagens muito mais sofisticadas do que a felicidade, a ironia ou a aprovação.
- Um sorriso não é algo flutuante, como a boca do gato da 'Alice no País das Maravilhas'. Ele está ligado ao corpo. Às vezes os lábios se abrem e mostram dentes, outras vezes os dentes ficam escondidos. Às vezes rugas em volta dos olhos aparecem, outras vezes o queixo levanta. Não é tão simples assim - explica Paula.

Catalogar estas variações é o primeiro - e importante - passo de um longo estudo. Paula Niedenthal afirma que ainda não têm respostas sobre o enigma dos sorrisos.

- As pessoas adoram livros de linguagem corporal, mas estas informações quase sempre são muito superficiais.

Quando o músculo zigomático maior, o músculo da boca, contrai, as bochechas e os lábios se levantam. De fato, pesquisas mostram que quanto maior a contração do músculo zigomático, maior é a alegria no momento. Mas, para Paula, a informação está longe de ser verdadeira. Algumas pessoas sorriem quando estão tristes. Outras contraem os músculos faciais quando estão com nojo.

O estudo de primatas tem ajudado a entender o significado dos sorrisos. Nas pesquisas com macacos, eles são classificados em poucas categorias. Paula acredita que os sorrisos humanos se encaixam nestas mesmas categorias. Um sorriso tímido costuma vir com um queixo baixo. Já um sorriso alegre também vem junto com sobrancelhas levantadas. Os chimpanzés sorriem também para indicar poder. O traço pode ser observado nos humanos, que sorriem mostrando os dentes e levantam o queixo quando querem indicar dominância.



Ligações cerebrais

Se a teoria de Paula Niedenthal estiver correta, o estudo sobre sorrisos também vai revelar que áreas do cérebro são ativadas pelos movimentos faciais. Um sorriso feliz é acompanhado por uma atividade maior no sistema de recompensas do cérebro. Imitar um sorriso amigável aumenta a atividade no córtex orbitofrontal, área que cria a sensação de intimidade com o outro. A região também é ativada em pais que vêem seus filhos sorrindo.

Para provar sua teoria, Paula tem testado suas teorias nos próprios colegas. Em um dos testes, eles avaliaram centenas de fotos de sorrisos para identificar quais eram verdadeiros e quais eram falsos. Todos os participantes conseguiram adivinhar quem estava sorrindo genuinamente e quem estava fingindo. Na mesma experiência, eles tiveram que dar a mesma resposta segurando um lápis entre os lábios. O lápis impedia que eles contraíssem o músculo zigomático e o número de acertos foi quase nulo.

Em outra experiência, a pesquisadora quis provar a importância do contato visual no sorriso. Os participantes avaliaram a emoção dos sorrisos de várias pinturas mundialmente conhecidas. Nas pinturas onde as pessoas estavam vendadas, olhando para o lado ou com os olhos cobertos, o interesse e a intensidade das emoções relatadas era menor do que quando o olhar era direto. Paula Niedenthal acredita que, em breve, vai poder explicar, por exemplo, por que as pessoas são tão fascinadas pela Mona Lisa.

- O quadro ficou famoso justamente porque conseguimos fazer um contato visual com ela. Isto nos instiga a tentar entender o que significa o seu sorriso, que é difícil de imitar. Ao simular o sorriso da Mona Lisa, somos tomados por um sentimento de mistério, o que torna o quadro ainda mais interessante.